segunda-feira, 15 de abril de 2013

SOBRE planejamentos


Você usa o presente, o "instante-já", para fazer planos e imaginar todas as coisas que podem lhe acontecer. Você até esquece de sorrir quando o amor passa. Você nem percebe que o próximo instante-já, daqui a um simples segundo, já é futuro, sujeito portanto a estes planos produzidos no ar. Você não percebe que estes planos não podem ser reproduzidos porque há circunstâncias novas a cada palpitar, a cada inspirar, a cada novo olhar. Circunstancias que são capazes de inutilizar os planos que estais a fazer. E você, bem, você esqueceu até mesmo de sorrir quando o amor passou. 
Ai chega um momento na sua vida em que tudo desaba: os planos, a sua estrada, e você, por fim. Neste momento, neste instante-já, você percebe que os planos não importavam tanto assim. É possível trafegar sem mapas quando não se sabe onde se vai chegar. E no fim, nenhum de nós sabe onde vai chegar. Porque o fim não é o sucesso profissional, o fim não é a maternidade ou um casamento feliz. O ponto final não é a fama ou qualquer aspiração do tipo. Tem um depois a tudo isso que acaba com o fechar das cortinas, ou quem sabe tem uma conversa nos bastidores, enquanto o público aplaude entusiasmado seu sucesso ou vaia seu péssimo desempenho. E isto, isto não é planejável. 
Há um ponto da estrada que é tão claro, que há tanta incidência de luz, que os olhos se enchem d'água. E é neste ponto que as pessoas costumam perceber a insignificância dos mapas, porque neste ponto não é possível consultá-lo. Alguns demoram muito a chegar neste lugar, outros não, chegam rapidamente.Tudo depende de como costumas andar por estradas. Alguns admiram tudo o que veem, cheiram todas as flores, estes demoram mais, mas aproveitam muito mais também. Outros nem percebem que haviam flores pelo caminho, chegam rápido, mas muito mais angustiados. E algumas vezes neste ponto, o amor passa, e enquanto apertamos os olhos querendo enxergar em meio a tanta luz,  ele pensa que estamos sorrindo para ele, e volta, e sorri, e esta acaba sendo a salvação. E depois, bem, o depois depende de você trafegar sem mapas, ou correr atrás dos planos que se vão pelo ar...

Paula Carine

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